terça-feira, 14 de setembro de 2010

Um dia talvez...

Apesar de ser sportinguista desde que me conheço, e por vezes, não conseguir ser imparcial em questões onde o Sporting esteja implicado, tenho de confessar uma coisa; Gostava de ser Presidente da FPF.

Não gostava de ser Presidente do Sporting Clube de Portugal, o meu clube de coração, mas gostava de ser Presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
Isto, porque vejo na FPF um potencial tremendo. Um potencial tão grande, que se for bem desenvolvido, teria certamente repercussões benéficas no Sporting e nos restantes clubes Portugueses.

Estaria, da mesma forma a ajudar o meu clube. No entanto, estaria a faze-lo para um bem comum a todos.

Penso que está na hora da FPF sofrer uma reformulação de fundo. Aproveite-se este momento, para de uma vez por todas se pegar na vassoura e correr com toda a podridão que por lá se arrasta. Não vale a pena enumerar os nomes... todos nós os conhecemos. Tudo gente que por lá se pavoneia vai para 30 anos.
30 anos!!! E as perguntas impõem-se:

Em tanto ano, o que fez a FPF realmente pelo futebol nacional?

Continuamos com a mesma Liga... uma liga miserável, onde três vivem acima das suas capacidades e os restantes, mesmo contentando-se com menos, fazem o que podem e... acumulam dividas.

O que fez a FPF, pela selecção de todos nós, a selecção nacional?

Rigorosamente nada! Zero! Ao invés, quem tem feito alguma coisa pela selecção, são clubes como o Sporting, que de uma forma continuada forma jogadores de top,  ou o Porto, que rotina equipas vencedoras, com base em alguns Portugueses que depois servem de base á selecção... como por exemplo em 2004.

Por ultimo: Isto acontece nos últimos 30 anos porquê?

Porque ninguém na FPF está imbuído de um espírito de missão. Porque ninguém trabalha na FPF para fazer serviço publico. Porque a FPF está cheia de amadores no que toca a gerir uma instituição, mas, que ao mesmo tempo, são profissionais na arte de se camuflarem e permanecerem sentados no cadeirão a receber do “bom e do belo”.

A FPF tem de mudar!!! Para tal:

-É preciso regular os direitos televisivos;
-É preciso profissionalizar os árbitros;
-É preciso traçar uma estratégia comercial, assente num sólido projecto de marketing;
-É preciso, trazer as pessoas do futebol para o futebol;
-É preciso dar ao futebol português uma imagem de credibilidade.

Regular os direitos televisivos, é obrigar os clubes a cederem os direitos à FPF para esta, de uma forma clara, imparcial e sob o desígnio das boas práticas comerciais e da concorrência, os vender em leilão internacional. Repartindo depois, esses montantes por todos os clubes mediante: classificação na ultima Liga, share e assistência.

Profissionalizar os árbitros, é dar-lhes a segurança de um emprego menos volátil, menos á mercê dos relatórios dos observadores. É retirar-lhe a tentação de falhar propositadamente, com medo de ir acabar a apitar jogos do Freixo de Espada à Cinta. É castiga-los quando têm de ser castigados. Promove-los quando têm de ser promovidos. É serem sorteados para os jogos e não elegidos.

Ter uma estratégia comercial/marketing, é criar uma imagem de marca. É elaborar teaser’s promocionais. É usar a imagem dos verdadeiros artistas (jogadores e treinadores) para promover o espectáculo. É criar programas que realmente falem de futebol, comentados por jogadores e ex-jogadores. Programas que mostrem uma e outra vez o golo do Lima... o golo do Varela, o drible em “chapéu” do Liedson... ter uma estratégia comercial/marketing, é erradicar os “programas”, onde habitam tipos de fato e gravata, que nunca jogaram futebol e que a única relva que pisaram, foi da vivenda em Cascais ou na Madalena: Programas, que o único propósito é denegrir a imagem da Liga.

Trazer pessoas do futebol para o futebol, porque são eles que o fazem. Figo, João Vieira Pinto, Dimas, Eusébio, entre outras centenas... o que fazem estas pessoas fora da FPF?.. fora da LPFP?... fora do futebol?.... Porque tem de ser o Inter a empregar o Figo? Porque tem o Benfica de empregar o Eusébio? Porque tem um canal de televisão de empregar o João V. Pinto? Porque não estão estes ex-jogadores, que tantas alegrias já nos deram em tempos passados, ligados intrinsecamente ao nosso futebol? Porque não continuam eles a dar o seu contributo para um bem comum?

Credibilidade? Essa, acima de tudo, vem com tudo o atrás descrito! Mas, também ajudava ter um Tribunal do Desporto, lesto nas diligencias e assertivo nas decisões. Ter uma FPF com preocupações sociais, também era capaz de não ser má ideia...

Concluindo: É evidente que não me irei candidatar à Presidência da FPF. Da mesma forma que nunca me irei candidatar à Presidência do Sporting Clube de Portugal, por motivos bastante diferentes.

Não tenho “amigos” na politica, nem “amigos” nos clubes. Não faria intenção de dar dinheiro a ganhar a ninguém, que não fossem os clubes de futebol. Não tenho nada disto, pelo que o desejo morre à nascença... no ideal... no sonho de ver Portugal ser campeão do Mundo e os clubes portugueses entre os colossos da Europa. A ideia morre aqui... mas não a esperança. Tenho fé que um dia, alguém faça algo pela FPF e pelo nosso futebol.

Não será hoje... e pelos candidatos que começam a perfilar-se, não será tão cedo... mas talvez um dia... um dia talvez!

PS: Qual seria a diferença, a nível de impacto, se na apresentação da candidatura para o “Mundial Ibérico”, lá estivesse Luís Figo em detrimento de Gilberto Madail e o seu cabelo loiro?

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